Metástase mamária de carcinoma gástrico em anel de sinete simulando linfangite carcinomatosa da mama

Resumo

Introdução: A incidência de metástase mamária de adenocarcinoma gástrico é extremamente baixa. De 1908 até o momento, 44 casos foram relatados na literatura, dos quais 30 são do tipo em anel de sinete. Relato do caso: Paciente de 49 anos em propedêutica de sangramento digestivo alto. Apresentava linfadenomegalia axilar esquerda, associada a assimetria mamária, edema e espessamento de pele. Ultrassonografia mamária evidenciou lesão heterogênea em mama esquerda. Histologia de core biopsy da área compatível com adenocarcinoma gástrico tipo difuso de Lauren, com células em anel de sinete. Imuno-histoquímica positiva para pancitoqueratinas CK7, CK20, CDX2 e negativa para RE, RP e ERB2. Achados compatíveis com adenocarcinoma gástrico (embolia linfática), favorecendo a possibilidade de neoplasia secundária. Ao momento do diagnóstico, a paciente já apresentava sinais radiológicos de múltiplas metástases. Discussão: As metástases mamárias do carcinoma gástrico diferem do câncer de mama primário nas características histopatológicas. As manifestações clínicas das metástases de câncer gástrico são variadas, mas é sabido que há tendência maior de alterações inflamatórias que nos tumores primários. No processo metastático, o envolvimento mamário pode ser o primeiro evento ou ocorrer em um contexto polimetastático. A maioria dos pacientes tem sobrevida inferior a um ano. Não há ganho de sobrevida com a cirurgia de mama, mas ela pode aliviar os sintomas em alguns casos. Conclusão: O câncer gástrico com metástase na mama é uma condição rara associada a mau prognóstico. O diagnóstico é baseado em história clínica, achados histológicos e marcadores imuno-histoquímicos, o que diferencia a metástase de um tumor primário da mama, a fim de oferecer aos pacientes o tratamento adequado.